Casamento, Homofobia e Game of Thrones

1 de agosto de 2011 11 comentários


Mais um dia começa por essas terras abençoadas pelo frio e a chuva e eis que lembro-me de um convite de casamento que recebi a uns dois meses. Um casamento! Sim, fui convidado por um amigo de meu pai para ir ao casamento dele. Até ai tudo bem.



Começamos o sabado sendo acordados pelo senhor Pug as 5 horas da matina, ele simplesmente queria brincar e não havia nada que o faria mudar de ideia. O pior é que ele consegue subir na cama e aterroriza nossas orelhas até nos entregarmos. Minhas mãos e orelhas estão doloridas devido as mordidas do desgraçado. Minha esposa levantou revoltada com ele e foi deitar no sofá, mas como eu havia perdido o sono troquei com ela. Fiquei 40 minutos brincando com o infeliz e quando desisti e resolvi jogar Street Fighter IV (que por sinal é uma bosta, mas era o único jogo de luta disponivel no momento!) ele deitou em meu colo e dormiu. DORMIU!!! Fiquei indignado, mas já havia assistido ao treino de Formula 1 e queria descontar minha frustração de acordar cedo no sabado em algo.

Aproximadamente meio dia eu já estava preparando o almoço e minha queridinha acordou.

Depois de esperar pela tarde toda enquanto a bonita se aprontava para sairmos, vaguei da cama para o sofá, do sofá para a cama, da cama para o chuveiro e, em apenas 15 minutos, estava pronto. Minha esposa? Começou as 14h e as 17h30 ainda não tinha terminado. Normal né?

Meu pai nos pegou em casa e rumamos para o casório.

Lógico que o noivo já chegaria mostrando para que veio. Chegou em sua fabulosa RR 600cc! O maluco de terno, gravata, prontinho para o casamento me chega numa moto daquelas?! Foda! Mas convenhamos, já deve ter alguns casos semelhantes por ai e isso não seria novidade.



A igreja estava lotada e pensamos que aquilo tudo eram os convidados, mas nada disso, o padre resolveu marcar uma missa de sétimo dia para minutos antes do casamento. Extremos. Felicidade, alegria e risadas do lado de fora e gente chorando, se lamentando e resmungando do lado de dentro. Lógico que uma tia gorda viria reclamar. “Minha filha, põe na conta do papa!” poderia ser a frase a ser dita para ela.

Mas dane-se. Era noite de festa!

Acabou a missa e a galera já estava tomando conta da entrada da igreja, ansiosos para o casamento. Empurra-empurra, as moças da missa querendo sair, a galera querendo entrar e o caos dominava as portas da igreja.
Bom vou explicar algumas coisas aqui antes de dar continuidade nisso tudo.

Primeiro, sou ateu, minha esposa é agnóstica. Entro em igrejas apenas por dois motivos: festas juninas e casamentos. Festas juninas para beber suco de uva quente achando que tem pinga e vinho naquilo, além de jogar bingo e comer pinhão, e em casamentos porque nunca vou em quase nenhum e as festas, normalmente, são legais. Tudo isso significa que sentar naqueles grandes bancos de madeira maciça não é algo que me agrade muito, então preciso me distrair com algo.

Essa é a deixa para começar a zuera. Infelizmente não são todos que entram na brincadeira, mas minha irmã (um protótipo de monstrinho criada por dois irmãos mais velhos!) e a Ivin (esse é o nome da excelentíssima para os que não sabem!) sempre acabam entrando na bagunça.

Comentários sobre um convidado aqui, de outro ali, algumas piadinhas sobre o padre, minha vontade quase mortal de ir ao banheiro e sobre qualquer coisa que surgisse a mente. E eis que todos se movimentam, olham todos para trás (típico movimento de casamento.) e uma música começa a rolar. Aos poucos, meu cérebro começa a processar aquelas notas musicais e percebo que aquilo já havia entrando em contato com minha mente. Busco no banco de dados pessoal e lembro da fantástica abertura de Game of Thrones. Assim o noivo adentrou.


O cara, além de chegar estiloso de moto, ainda entrou ao som de Game of Thrones no violino! Fiquei pasmo, assim como meu pai, que não acreditava no que havia ouvido. Depois disso esperava que a noiva também inovasse, mas dai para frente foi tudo normal. Quer dizer...

Após a entrada, vem o bom e velho sermão e não é qualquer sermão. O padre começa falando dos laços de afetividade, que o homem tem que respeitar a mulher, ter filhos e prezar pela família. Mas, não contente, ele começa a discursar sobre as relações homoafetivas, dizendo que aquilo não é de deus, que os homens e mulheres não foram feitos para tal tipo de relacionamento e todo aquela conversa de católicos e crentes chatos e fanáticos, causando um desconforto tamanho que as pessoas ali presentes não viam a hora de sair.

Entendo que é um direito dele não aceitar, mas aquilo não era necessário. Depois, fiquei imaginando se ali não estava presente algum homossexual e que tenha sentido muito mal estar por presenciar tal absurdo. E depois não querem criminalizar a homofobia? Para que padres como esse não sejam processados criminalmente? Bonito né povo?

Bom, depois disso eu não via a hora de sair dali.

Depois de muitas falas do padre homofóbico, conseguimos a carta de alforria e rumamos para festa! Essa era a hora mais esperada de 9 entre cada 10 convidados. Comer, beber, zoar e rir muito das maluquices que só acontecem nesse momento.

Cerveja para cá, vinho para lá, whisk para sobre a mesa, mais cerveja, muita comida boa e, de quebra, fundue, muitos doces e um barman. Isso significou caipirnha para cá e para lá, mais cerveja, mais doce e, por fim, uma dor de estômago sem precedentes.

Na hora de comprar o pedacinho da gravata do noivo termino minha participação no casamento com a doação de um valor pago em moedas de 5 e 10 centavos, que fez os convidados pararem para ver o que estava acontecendo.

11 comentários:

  • Unknown disse...

    É como eu sempre digo, por mais que eu entenda a necessidada humana de se apegar a alguma religião e tal, elas só servem mesmo pra controlar as pessoas e propagar antigos preconceitos. Enfim...ainda bem que, pelo que você disse, a comida da festa era boa.

  • Vanessa disse...

    Casamento assim que eu gosto! Eu entrei na igreja ao som da antiga abertura de BSG e o Wagner entrou com a abertura da Voyager, meu sobrinho trouxe as alianças com o tema de Superman, saímos da igreja com Star Wars e entramos no salão com uma música de Lost. Taí, acho que se fosse agora, provavelmente Game of Thrones teria entrado nessa brincadeira.

  • Ivin disse...

    Ah qual é foram só umas horinhas!!! E esperar eu me arrumar não é nada perto do Pug nos acordando de manhã ou melhor de madrugada para brincar e achar que sabe uivar e o pior de tudo o padre homofóbico.

  • Leandro Soares disse...

    Pelo que voçe disse pra que ter casamentos entre homens e mulheres, afinal? É tão demodê, as crianças não precisam mais de modelos masculinos, mão precisamos mais de pais, temos os homossexuais, que segundo eles são superiores ao genero masculino, pra que foste a uma cerimonia religiosa em um local que defende o que acredita? O padre só estava defendendo a creça dele, é errado? tava mandando queimar alguém? Fico imaginando quando ser homem e gostar de mulher vai começar a ser crime...

  • Unknown disse...

    Leandro Soares

    É ai que está enganado, acho que a Igreja tem toda a liberdade de aceitar ou não casamento homossexual dentro do seus termos, o que crítico é a forma como isso é feito. Você não precisa agredir as pessoas moralmente para defender seu ponto de vista.

    Bom senso é a chave.

  • lucas disse...

    É por pessoas como você, autor do texto, que o homossexualismo se propaga cada vez mais. Agora é bonitinho defender o não preconceito, concordo! Mas, no futuro, quando não houver mais famílias, existir somente homem com homem e um filho adotado, você vai se arrepender de todo esse ponto de vista que defende. Só pare e pense. Honre o que você tem entre as pernas.
    Até lá, continue aí, bancando o não preconceituoso.
    Passar bem!

  • Unknown disse...

    Caro Lucas,

    Enquanto houver pessoas como você, é improvável que pessoas homofóbicas desapareçam do mundo, por consequência, será impossível que só exista homossexuais por ai.

    Quanto a honrar o que tenho entre as pernas meu caro, não devo nada para ninguém e, muito menos, vejo a necessidade de provar algo para você. Então se resguarde no seu anonimato e pare de falar besteiras.

  • Chaves Papel disse...

    Hahahaha...caracas Sayron, você é um baita mão de vaca eh!

    Que casamento maneiro esse, grande idéia do noivo entrar com a fodástica trilha de Game of Thrones! Já fui em um casamento parecido, o pessoal ia entrando com músicas diferentes....e o noivo (um rapaz negro) usou uma roupa dourada! hahahaha

    Quanto a esses fanfarrões homofóbicos que usam a expressão "É tão demodê" (existe alguma coisa mais gay que isso???)...vocês são toscos!

  • Nelson disse...

    Lembro de um casamento em que fui convidado que o padre ficou falando que "a mulher tinha que servir o homem, assim como está na Bíblia". Logicamente, aí foram uns 40 minutos de sermão, criticando os tempos atuais e bla bla bla.

    Creio que se o padre quer discursar sobre o que acredita estar certo, ele tem todo o direito, mas NÃO durante um casamento, por dois grandes motivos:
    - um casamento é uma celebração, uma comemoração. Não é de bom tom lançar uma discussão numa hora dessas. Essa atitude, na minha visão, tem o mesmo efeito que contar piada em enterro... só causa desconforto e é de péssimo gosto.
    - a Igreja cobra (e MUITO caro) pelo direito de casar alí dentro. Como prestadora de serviço, tem que ouvir o cliente.

    Concordo que - hipoteticamente - quem não concorda com essa posição religiosa não tem que casar lá dentro, mas pelo que eu vejo, muitas vezes os casais optam mais pelo casamento religioso pra satisfazer a família - ou algum sonho de casar de branco e tudo mais, sem a noiva ser necessariamente religiosa praticante - do que por convicção própria.
    Pelo que eu observo, o casamento religioso é mais procurado pelo seu apelo icônico do que pela convicção religiosa.

    Resumindo tudo, o que eu acredito é que se um padre quer dar a sua opinião, que faça na missa, no blog, em conversas, onde quer que seja... mas dar "bronca moral" em casamento é de péssimo gosto. Por exemplo, no casamento que eu citei, existiam mulheres divorciadas que se sentiram ofendidas com o discurso do padre... e aí, onde fica a cara dos noivos?

    Por essas e outras que eu coloquei apenas duas condições quando minha namorada topou casar comigo: eu não caso em igreja, muito menos uso gravata... todo o resto é negociável, rs.

  • Pobos disse...

    Ainda bem que essa lei não foi aprovada. Ainda. O padre colocou a opinião dele e vc queria que ele fosse preso pq alguem naquele lugar podia se sentir ofendido!
    Se vc é ateu e não gosta de igreja, é um direito seu garantido pela constituição. E vc expressou sua opinião aqui. Da mesma forma que o padre tem o direito de mostrar a opinião dele.
    Agora que vc me magoou com este post, quero uma lei que te prenda tbm!

    Se o padre, o pastor ou o ateu derem a opinião deles, e esta opinião incitar alguem a agredir uma outra pessoa, já temos uma lei que a protege.

    Da mesma forma que não se usa o termo homosexualismo(o certo é homoafetividade), não devemos usar o termo homofóbico. Dúvido que se o tal padre "homofóbico" chegasse ao lado de um gay, ele iria correr e chorar num canto da mesma forma que uma pessoa que sofre de aracnofobia correria de uma aranha.

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