Putz Murphy: Um passeio pode custar caro.

Semana passada tive o prazer de conhecer o irônico, divertido e cheio de humor negro blog do Luis Di Vasca (http://divasca.blogspot.com/). Impossível não se identificar com algum de seus posts. Alguém sempre tem um Paulo José (Parte 1, 2, 3, 4, 5 e 6) no trabalho, na faculdade e, as vezes, até em casa. Mas um dos últimos posts dele me chamou bastante a atenção (esse daqui!), que trata sobre uma igreja que pede um trabalho para ele de graça e ele se comove com a "favela" que existe no Vaticano, mas leiam antes de continuar por aqui.

Primeiro que esse post dele saiu exatamente no dia em que li uma notícia sobre a ida do papa a Espanha.

REUTERS

Até ai nada demais se não fosse o fato de que o Governo (sim, o Governo, com dinheiro de impostos dos cidadãos!) iria bancar a estadia, todas as regalias e qualquer outra frescura (como travesseiro com fios de ouro!) que o papa exigisse.

Apareceu, então, um grupo que se intitula "Os Indignados" (que em maio já tinham tomado a praça Puerto del Sol, em Madri, contra a crise, corte de gastos e a taxa de desemprego no país!) protestando, não contra a visita, mas sim contra a postura do governo, que anda tão mal das pernas quanto outros países europeus, como Grécia e Portugal, em financiar a visita papal durante o Dia Mundial Jovem.

REUTERS/Andrea Comas

Esse conjunto de informações me ajudou a refletir sobre algumas coisas.

Primeiro que o Vaticano é um Estado cravado na Itália (outro país em crise.), com leis, governo e tudo o que um estado tem direito, inclusive com um PIB (invejável a muitos países africanos diga-se de passagem!) de 333 milhões de dólares ao ano, advindos de doações e turismo, já que uma cidade com um pouco mais de 0,40 km² não teria como instalar complexos industriais ou plantações né? Bom, veja só como é um bom país, eles possuem uma renda per capita de 436 mil dólares, bom, também isso não seria difícil, pois possuem, aproximadamente, 800 habitantes e, mais ou menos, 1 bilhão de doadores.

A Favela do Vaticano

Considerando que o Vaticano existe desde 1929 e que, na maioria dos países, não pagam um centavo de imposto, devem possuir um patrimônio considerável e acho que eles tem condições de viajar por conta própria, até porque a distância entre a Espanha e a Itália nem é tão grande assim!

Então por que gastar dinheiro público com isso?

Segundo o governo espanhol haveria um retorno financeiro que cobriria os gastos e geraria uma receita extra ao governo, comércio e afins, fora o patrocínio de empresas como Santander e a Coca-Cola.

Mas cadê a caridade da Igreja Católica que preza tanto pelo desapego material e financeiro? Hipocrisia? Talvez, mas eu escrever isso aqui não é novidade, não sou o primeiro a questionar isso e nem serei o último, mas é sempre algo a ser levado em consideração.

Um evento desse porte, poderia ser usado para tentar (como eu disse TENTAR!) trazer a massa jovem para o lado da Igreja, mas o que eles fazem em uma época em que a informação não vem a cavalo e sim em questão de segundos? Lutam contra a modernidade. Contrariando tudo, eles preferem manter conceitos pregados no século XV do que a pensar no amanhã. Não é a toa que as igrejas evangélicas estão dominando o mercado brasileiro de religiosos, até culto ONLINE estão fazendo!

Culto Online de uma igreja aqui de Curitiba

Até tentaram fazer um twitter e descolar um tablet para ele, mas fez um tweet nunca mais voltou, deixando seus ávidos 576 seguidores na mão e sem os sermões católicos, que erão tão esperados pela rede social mais louca desse planetinha.