Um passado nem tão distante...

Anda difícil escrever. As palavras me fogem, os sentimentos me escapam e tudo fica estagnado. Poderia choramingar sobre os diversos problemas que a vida tem me presenteado, mas prefiro falar sobre coisas boas, coisas essas que me trazem alegria, risos, satisfação ou qualquer outra sensação cujo ser humano considera boa.

Gosto de lembrar da sensação de andar de bicicleta, como se não houvesse amanhã, descendo ladeiras, apostando corridas, voltar para casa empurrando por conta de um pneu furado ou um tombo ou apenas sentir o vento batendo no rosto enquanto pedala alucinadamente. Pena que hoje mal vou à padaria com a mesma.

Lembro-me também dos dias de futebol de várzea com a piazada do bairro, descalço em uma areia tão pedregulhenta que machucava os desavisados. Mas nós não. Resistíamos bravamente ao sol, a chuva, ao luar ou a turma mais velha apenas para jogar o bom e velho futebol. Nunca fui dos melhores, mas dava para brincar. Ser grande lhe confere algumas vantagens sobre os demais.

Com exceção de alguns raros incidentes, esse era o lugar onde cresci e vivi por mais de 18 anos. Era, pois muita coisa mudou. Da associação de moradores ao campinho, nada mais é igual, as crianças cresceram, se tornando adultas, ao menos no fisiológico, e novas crianças assumiram nossos lugares, não com os mesmos costumes e sim com os de uma nova geração. Isso seria evolução?

Ao passar por essas lembranças, me pego lembrando de 6 anos atras, quando conheci minha esposa, ainda nos tempos ensino médio. Já faz seis anos. Como o tempo anda passando rápido. Bons tempos de ficar escondido dentro do colégio, temendo que algum funcionário nos pegasse e revelasse as nossas famílias o que estávamos fazendo. Sem malicia, apenas diversão e aquela sensação de estar fazendo algo “errado” aos olhos dos adultos. Isso era bom!

Ah o ensino médio! Época onde conheci muita gente, poucos amigos é claro, a maioria já vinham comigo desde a infância, mas esse foi o período onde encontrei pessoas diferentes, culturas diferentes, tudo era diferente. No momento em que entrei no colégio não sabia o que esperar, queria apenas que fosse divertido. Taxado de bom aluno, agitador e revolucionário, passei por momentos interessantes e divertidos, claro que pensando hoje, na época ficava aflito em várias dessas passagens. Crianças ou adultos? Nos tratavam como adultos em alguns momentos e em outros eramos crianças, ninguém decidia o que realmente somos. Apesar de, hoje, saber que ninguém deveria decidir por nós, mas sim tomarmos atitudes de acordo com a forma como queríamos ser vistos.

Quando os tempos de colégio acabaram houve um distanciamento dos amigos, vieram novas responsabilidades, crises, assaltos ao trabalho, mais crises, concursos, alistamento militar e talvez, digo talvez por não poder opinar sobre, um leve principio de depressão, mas que foi superado.

Passado nem tão distante esse. Mas que aos poucos vai se afastando mais e mais na minha mente.

Mas graças a um grande amigo, pude relembrar de várias peripécias desses períodos. Coisas divertidas, outras nem tanto, pessoas, atitudes, discussões, amigos. Muitos amigos que não vejo a muitos anos e que nem sei como andam.

Fico feliz de relembrar tudo isso, acho que andava precisando disso. A cada dia que passa me parece que as coincidências da vida não são mero acaso.

Agora o mais interessante é que nos reunimos apenas para jogar RPG, beber Coca-Cola e comer pizza e bolo.

Preciso fazer isso mais vezes!